quinta-feira, 12 de junho de 2014 09:23
Na página do mês de junho, o calendário do Instituto Nacional de Engenharia de Superfícies mostra uma superfície de PLA (polímero biodegradável obtido a partir de fontes renováveis) recoberta por algas diatomáceas, uma família de organismos unicelulares que inclui uma ampla diversidade de espécies de diferentes formatos. Nas diatomáceas presentes na imagem, de alguns micrometros de tamanho, é possível observar as "carapaças" dessas algas, constituídas essencialmente de silício.
A imagem foi obtida no microscópio eletrônico de varredura (MEV) da Universidade de Caxias do Sul (UCS) pelo estudante de Engenharia Ambiental Kauê Pelegrini, 22 anos, durante um trabalho de iniciação científica sobre biodegradação em ambientes marinhos de materiais compósitos contendo PLA. No contexto do estudo, a colonização do PLA por parte das diatomáceas mostrada na imagem evidenciou o início da degradação biológica do polímero.
Entrevista com o autor.
1. Por que a superfície do polímero está recoberta por algas?
Os polímeros biodegradáveis levam vantagem se comparados aos sintéticos em relação à degradação porque formam biofilmes em menores tempos de exposição a ambientes passíveis de degradação. O que se vê na micrografia é a colonização de algas do tipo diatomáceas que, por consequência, deu início às demais etapas do desenvolvimento do biofilme, levando à degradação biológica do poli(ácido lático) (PLA), polímero do estudo.
Outros fatores podem contribuir para a degradação deste polímero no meio em questão, tais como: radiação ultravioleta (proveniente das lâmpadas especiais presentes no ambiente) e a própria presença da água, que pode implicar na hidrólise do polímero, facilitando o acesso da água à matriz polimérica.
O fato de se produzir compósitos de PLA com fibra de buriti acarreta na absorção de água pelas fibras, acelerando os processos de degradação do PLA.
2. Em que contexto foi realizada a imagem MEV?
Era e ainda é o meu trabalho de Iniciação Científica onde nos dedicamos a estudar a biodegradação do polímero PLA, em diferentes tempos de exposição e em diferentes ambientes. Em outro ambiente, água doce, em escala real, também foram expostos corpos de prova de PLA e compósitos com PLA e fibras de buriti.
A micrografia premiada foi obtida com 30 dias de exposição dos compósitos ao ambiente marinho simulado. Hoje temos resultados de micrografias com 600 dias de exposição ao mesmo ambiente.
Estou sendo orientado nos trabalhos de degradação biológica de polímeros pela Profª. Drª. Rosmary N. Brandalise.
O que buscávamos apresentar na micrografia é a colonização das algas diatomáceas na superfície do material e, por conseqüência disso, a degradação biológica do PLA. Neste caso, em especial, com 30 dias, enquanto que na literatura, a degradação do polímero acontece de 6 meses a 2 anos.
3. Gostaria de agradecer alguém que tenha ajudado na realização da imagem vencedora?
Gostaria de agradecer a minha orientadora Rosmary N. Brandalise pelo auxílio em todas as partes desse trabalho, à bolsista Indianara Donazzolo pela ajuda e companhia desde o começo do trabalho, ao professor Diego Piazza que deu sustentação à idéia do trabalho e aos meus pais Lilian Carla Becker Pelegrini e Volnei Pelegrini que sempre me apoiaram a continuar na área da pesquisa.
Para entrar em contato com Kauê: kaue_pel@hotmail.com.
Fonte: Gerência de Comunicação do Instituto Nacional de Engenharia de Superfícies
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